No Egito, Mubarak reafirma que quer ficar à frente de governo de transição

Presidente decepciona manifestantes que esperavam sua renúncia imediata.
Ele mudou leis, transferiu poderes ao vice, mas não entrou em detalhes.

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, decepcionou os manifestantes que esperavam sua renúncia imediata e confirmou, em discurso nesta quinta-feira (10), que pretende continuar no governo até setembro,  à frente de uma transição de poder, e que iria transferir poderes ao seu vice, Omar Suleiman. Ele afirmou que a transição vai ocorrer "dia após dia"  até as eleições marcadas para setembro e prometeu proteger a Constituição durante todo o processo.
Mubarak também anunciou "procedimentos constitucionais", com mudanças em seis artigos e a suspensão de um sétimo.
Ele disse que propôs emendas aos artigos 76, 77, 88, 93 e 189, e cancelou o 179, que dava poderes extras ao governo em caso de combate ao terrorismo.
Mubarak afirmou que iria transferir poderes a Suleiman, segundo a Constituição, mas não esclareceu quando, até que ponto ou de que maneira isso ocorreria.
Em discurso posterior, Suleiman -que já vinha liderando as negociações com a oposição- se comprometeu a tentar fazer "uma transição pacífica de poder" e pediu que os manifestantes acampados no Cairo voltem para casa.
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, discursa na noite desta quinta-feira (10) no Cairo (Foto: AP)
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, discursa na noite desta quinta-feira (10) no Cairo
A transferência de poder ao vice, segundo Mubarak, seria uma demonstração de que as reivindicações dos manifestantes estavam sendo respondidas pelo diálogo, e que o o diálogo com a oposição levou a um "consenso preliminar" para resolver a crise.