Brasileiros resgatados em áreas de risco no Japão temem radiação

Trinta brasileiros foram resgatados em Sendai, Fukushima e Koriyama.
Operação de resgate tem comboio com dois ônibus, um caminhão e um carro.

Trinta brasileiros e outras 28 pessoas de outras nacionalidades tinham sido localizados e resgatados pelo empresário brasileiro Walter Saito nas regiões de Sendai, Fukushima e Koriyama, no Japão, até as 2h30 desta quarta-feira (16) - 14h30 de quarta, no horário japonês -, na operação de resgate organizada pelo consulado do Brasil em Tóquio, após os desastres naturais de sexta-feira (11).
Lúcia Tieko Ogura Sato, de 27 anos, e a filha Nanami Sato, de 7 mese, está aliviada por deixar Fukushima. (Foto: Walter Saito / Divulgação)
Lúcia Tieko Ogura Sato, de 27 anos, e a filha Nanami Sato, de 7 meses, está aliviada por deixar Fukushima.
De acordo com Saito, responsável pela missão, os brasileiros estão assustados e com muito medo que um colapso nuclear, a partir da usina de Fukushima, contamine a todos. “Alguns já me falaram que vão deixar o Japão”, afirmou o empresário.
Um dos ônibus do comboio transporta brasileiros para Saitama. (Foto: Walter Saito / Divulgação)
Um dos ônibus do comboio transporta brasileiros
para Saitama.
Saito está há quase 24 horas na estrada, à procura de brasileiros isolados em regiões afetadas pelo terremoto e pelo tsunami devastadores que já deixaram mais de 3 mil mortos. O empresário comanda um comboio de resgate com dois ônibus, um caminhão e um carro de apoio. “O celular não parou de tocar. É gente querendo ajuda para sair de algum lugar.”
Ele próprio admitiu receio da crise atômica que ameaça o Japão. Apesar disso, topou a missão em território devastado. “Claro que tenho muito medo de contaminação radioativa. Cheguei até a estocar alimento em casa. Mas pensei duas vezes, e aceitei essa missão porque as pessoas contavam com a gente. Pensei nas crianças que precisavam de ajuda e decidi dar a minha contribuição”, disse.
Saito afirmou que entre os brasileiros resgatados estão duas crianças. O grupo segue para Saitama, cidade onde o consulado reservou 25 apartamentos para receber os brasileiros.
O desafio agora é manter os veículos abastecidos, caso seja necessário voltar à estrada para uma nova tarefa de resgate. “Embora eu tenha passe livre nos postos de controle e para abastecer, não há diesel (que abastecem os ônibus e o caminhão) nos postos”, contou Saito.


Saito esteve em Sendai, uma das cidades mais afetadas pelo tsunami que se seguiu ao terremoto, para apanhar um grupo de brasileiros em frente à rodoviária. Depois, seguiu para Fukushima, onde fica a usina nuclear avariada, e seguiu para Koriyama. “O pessoal de Fukushima me ligou desesperado, querendo deixar a cidade logo”, contou.
Em Saitama, o trabalho de Saito só terminará depois que ele acomodar todos os brasileiros.
VALE ESTE MAGNITUDE REVISADO - Entenda o terremoto no Japão (Foto: Arte/G1)